Lançamento da Plataforma Digital do Projeto Memória Guarabira PB será neste sábado 31 de Agosto

Lançamento da Plataforma Digital do Projeto Memória Guarabira PB será neste sábado 31 de Agosto

Memória Audiovisual de Guarabira

Neste sábado, 31 de agosto, a partir das 19 horas, o Teatro Geraldo Alverga será palco de um evento muito especial: o lançamento da plataforma digital do Projeto Memória Guarabira PB. O projeto, que visa preservar e celebrar a rica história da cidade, contará com a exposição de vídeos VHS icônicas que marcaram época e ajudam a contar a trajetória da região.


Nossa sociedade sempre abriga algumas pessoas que guardam as memórias. Há pessoas que reúnem partes, coisas, pedaços e lembranças que os outros querem esquecer ou acham que ocupam espaço. Este projeto nasce de uma pessoa que passou parte das décadas de 1990 e 2000 filmando eventos sociais, festejos populares, reuniões de políticas públicas e registrando esboços de documentários inacabados. Era um acervo de mais de 100 fitas VHS guardadas por Valderedo Alexandre, mais conhecido como Leledo, na cidade de Guarabira, na Paraíba. Alguns dos primeiros vídeos de Ednaldo Pereira foram produzidos por Leledo, e o artista seguiu sua vida com enorme visibilidade nas redes sociais, antes mesmo dos tempos de viralização. Por isso, até hoje, foi o único entrevistado no antigo programa de entrevistas de Jô Soares.

  Assista: 

https://drive.google.com/file/d/1DSa8buyhUYw4hCBFmI_XxSD0CUH9bGom/view?usp=sharing

As fitas VHS tratadas neste projeto estavam atacadas por fungos agressivos, decorrentes de um armazenamento temporariamente úmido, que foi capaz de contaminar cada fita em maior ou menor grau, sendo todas necessitadas de tratamento.

Veja link:     https://memoriasdeguarabira.46graus.com/

Mudanças Tecnológicas e Memórias Afetivas
Com o tempo, a tecnologia mudou. Mudou também a atividade de Leledo, e aquele acervo único de Guarabira passou a fazer parte de um conjunto de outros materiais guardados como tesouros, cheios de valores e registros que, talvez, contenham a única imagem de familiares da cidade. Dessa forma, o que se tem ali são também memórias afetivas para muitas pessoas que já perderam seus entes queridos, e esse acolhimento também é parte do interesse do projeto. Diz-se ainda que os que participaram dos momentos políticos também se comovem ao rever quem eram e no que se tornaram. As memórias possuem afetos, e só se percebe o quanto se é afetado quando as imagens retomam aquele passado, tanto de si quanto dos outros.

As memórias extraídas das fitas estão sendo digitalizadas para que pesquisadores, cidadãos interessados, parentes e outros memorialistas possam acessar esses materiais únicos.

O Que Fazer?
Então, por que guardar todo esse material, que para muitos já teria sido descartado? A resposta é que algumas pessoas são guardiãs por identidade, por terem vivido tudo aquilo de forma singular e coletiva, e nos brindaram com sensibilidade e cuidado para que esse acervo não fosse jogado no lixo.

Um dia, Leledo comentou que já não suportava mais ver aquele material mal acondicionado, observando o avanço dos fungos. Era uma mistura de desconforto e apreensão para recuperar tudo antes que se perdesse pelo desuso. Veio então a Lei Paulo Gustavo do Estado da Paraíba e a possibilidade de concorrer a um projeto de pesquisa e preservação de patrimônio imaterial digital. O desenho do projeto mostrava que não bastaria limpar e recuperar o material, pois isso por si só não faria sentido além do regozijo de guardá-lo novamente. Era necessário divulgar esse conteúdo. O projeto foi submetido à Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba e aprovado, dando um novo destino ao que cedo ou tarde seria descartado.

Como Fazer?
A inventividade e o conhecimento de Leledo desempenharam um papel central. Ele uniu em si a guarda, o conceito e a técnica para realizar esse trabalho. Nas pesquisas pela internet e na memória da época das filmagens, Leledo desenvolveu métodos para limpar as fitas. Máquinas específicas poderiam ser compradas, e uma antiga rebobinadora de VHS poderia ser útil. No entanto, as máquinas adquiridas não foram suficientes para remover os fungos de forma eficaz. O processo foi angustiante, pois, apesar de haver tutoriais em plataformas de vídeo, cada um tinha uma limitação para este caso. Houve momentos em que se pensou em desistir, mas a persistência e as tentativas e erros permitiram superar as dificuldades.

Metodologia
Com antigos aparelhos de VHS, Leledo desmontou suas estruturas e criou três estágios do processo. O primeiro passo foi abrir a fita, retirar os rolos e colocá-los na primeira estrutura. Esta estrutura recebeu sabão e água em um sanduíche de espumas, por onde a fita passaria por dois rebobinamentos. Passar a fita apenas uma vez entre as espumas não foi suficiente. Enquanto isso, a caixa da fita era desinfectada para abrigar a fita ao fim do processo. A segunda estrutura de VHS cumpriu o papel de lavar a fita para retirar os resíduos de sabão, sendo necessária uma dupla lavagem. As máquinas pareciam ter vida e dialogavam entre si. No último VHS, houve o processo de recuperação final. Os detalhes técnicos foram suprimidos nesta explanação, mas pode-se dizer que, até chegar a esse processo, foram perdidos motores e ligas rotadoras, e os testes foram muitos. Hoje, Leledo possui o conhecimento de como recuperar fitas VHS em estado terminal. Embora algumas partes das fitas tenham sofrido perdas definitivas, foi necessário realizar um tratamento digital para cortes e edição. Mesmo sendo de plástico, o material das fitas contém elementos orgânicos que nutrem os fungos, e nesses casos foi feito o possível para preservar os trechos de conteúdo.

Destino da Memória
Não bastava retirar os fungos que, em muitos casos, já estavam formando florestas e um ecossistema próprio. Havia a necessidade de expor, mostrar o conteúdo e contar a história que se tinha em mãos. O projeto previu, além da digitalização, um trabalho de divulgação com animações feitas por Francisca Vaz, que, com seus traços originais, buscou criar uma atmosfera afetiva e convidativa para a página do projeto. A página foi construída pela fotógrafa e webdesigner Karla Noronha, unindo assim duas artistas visuais para ampliar a visibilidade desse trabalho. Nesta página, são disponibilizados conteúdos com links para acesso ao acervo de forma gratuita, além de depoimentos, imagens do processo, fotografias e textos sobre o acervo.

No que diz respeito à memória, foram incluídos dois historiadores bolsistas de extensão da UEPB, José Renan da Silva e Lucas Santos da Silva, orientados pela serenidade e acuidade do Professor Waldeci Ferreira, com o objetivo de sistematizar a oferta desse material. Eles catalogaram os vídeos com títulos e resumos das imagens. Com esse material disponível para acesso público, foi necessário produzir textos com as abordagens desses historiadores, para que os meios acadêmicos tenham conhecimento sobre o acervo e como acessá-lo.

Lançamento
O lançamento no dia, 31 em agosto de 2024 , ocorrerá em um evento cultural, contendo imagens selecionadas, recortes e uma exposição da página. Serão convidadas pessoas que viveram esses momentos, como se recebessem um amigo que foi para longe e agora volta a morar nas vizinhanças e ainda complementará o evento...

Show com Andrei e o Caleidoscópio vem para o palco com muita energia e autenticidade. Os artistas prometem fazer o público cantar, a plenos pulmões, os refrões marcantes que falam de relacionamentos, auto descoberta, saúde mental e coletividade.

Informações do evento

Data:31/08 sábado

Local: TEATRO GUARABIRA 

Horário: a partir das 19h/ abertura fala(Sobrera) +vídeo do projeto(Leledo)+ animação desenho (Francisca), apresentação do site, roda de conversa até as 20h apresentação da banda(Andrey e o caleidoscópio), até às 21:30h

Ficha técnica 

vídeo e fotos website(Karla Noronha)

Desenho de animação(Francisca Vaz)

(Apoio do professor Waldeci, e Renan e Lucas, alunos da UEPB)

Proponente (Leledo)

Produção (FORME CULTURA, Antônio Sobreira)

Da Redação por Marcos Andrade