Biden desiste de concorrer à reeleição nos EUA

Biden desiste de concorrer à reeleição nos EUA

Campanha do atual presidente desidratou após o democrata se sair muito mal em primeiro debate contra Donald Trump. 

O democrata Joe Biden, de 81 anos, atual presidente dos Estados Unidos, desistiu de concorrer à Casa Branca para um segundo mandato. O aguardado anúncio foi feito neste domingo (21) por meio de um comunicado.

Nas últimas semanas, havia crescido a pressão pública para que o político abrisse mão da candidatura. A situação se tornou ainda mais complexa após o atentado sofrido por Donald Trump, em 13 de junho, na Pensilvânia. A imagem do republicano com sangue no rosto, punho cerrado e gritando para que seus apoiadores lutassem o consagrou com uma imagem de força e aptidão física, o oposto do que o atual presidente vinha imprimindo.

Vencedor das prévias pelo Democrata, somente Biden poderia desistir da disputa, o que ele repetiu sucessivas vezes que não faria. Desidratando nas pesquisas e perdendo financiadores da campanha, o receio de que o partido não apenas entregasse a Casa Branca para Donald Trump, mas perdesse espaço no congresso americano não deixou outra alternativa a Biden.

PRIMEIRO DEBATE

O dia que marcou o início da derrocada do atual presidente foi o primeiro debate realizado na campanha de 2024, em 27 de junho. Frente a frente com Trump, de quem venceu em 2020, o democrata se mostrou confuso e desorientado, sem capacidade de rebater os argumentos do adversário.

A idade de Biden já era uma preocupação para os americanos desde as últimas eleições. Mesmo Trump tendo apenas 3 anos a menos, a percepção geral foi a de que o republicano estava mais apto intelectualmente para o cargo. Durante 90 minutos, Biden se mostrou monótono, confuso e sem clareza nos argumentos. Em contrapartida, Trump usou o formato do debate a seu favor, mentiu, distorceu fatos e atacou o democrata sem ser refutado.

CRISE NO PARTIDO DEMOCRATA

Após a performance desastrosa, a legenda entrou em crise e pessoas de dentro do partido se posicionaram publicamente contra a candidatura do atual presidente. O deputado do Texas Lloyd Doggett afirmou que estava na hora de Biden “tomar a decisão dolorosa e difícil de se afastar”. O deputado do Arizona Raul Grijalva disse ao The New York Times que a campanha estava em estado “precário” e que Biden tinha que se livrar da responsabilidade de comandar a Casa Branca. Adam Smith, de Washington, disse que Biden não conseguia mais "se expressar claramente, articuladamente e com firmeza seu ponto de vista ao povo americano". Essas foram algumas das falas mais notáveis contra o atual presidente, porém não foram as únicas. Um grupo de mais de 20 políticos se declarou contra a candidatura.

O ator George Clooney, que é um dos financiadores e filiado do partido democrata, em artigo de opinião publicado pelo The New York Times, se posicionou contra o nome de Biden. “A única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo" e continuou: “É devastador dizer isso, mas o Joe Biden com quem eu estava há três semanas na festa de arrecadação de fundos não era o Joe 'grande coisa' Biden de 2010. Ele não era nem mesmo o Joe Biden de 2020. Ele era o mesmo homem que todos nós vimos no debate”. O astro afirmou que o atual presidente não apenas ameaçava as próprias chances nas eleições, mas a de todo o partido Democrata.

PLANO DE CRISE

Tentando estancar a perda de apoio, Biden enviou uma carta a deputados e recusou novamente o pedido para desistir da reeleição. “Quero que saibam que, apesar de todas as especulações na imprensa e em outros lugares, estou firmemente comprometido em permanecer nesta corrida, em correr esta corrida até o fim e em derrotar Donald Trump.”

No último dia 11, Biden fez uma coletiva de imprensa, a primeira em oito meses. O objetivo era que o presidente americano se mostrasse forte e preparado. No entanto, o que mais repercutiu novamente foram as gafes. Ao se referir à vice, Kamala Harris, a chamou de Trump. Pouco antes, ele havia chamado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de Putin, líder da Rússia.

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, de quem Biden foi vice, demonstrou preocupações em uma conversa particular com a ex-presidente da câmara, a também democrata Nancy Pelosi. Segundo a imprensa americana, os dois teriam falado sobre o quão difícil se tornou para o presidente derrotar Donald Trump nas urnas. No mês passado, Obama foi visto ajudando Biden depois de ele congelar no palco em um comício.

OPINIÃO PÚBLICA

Uma pesquisa realizada pela emissora americana CBS News, em parceria com a empresa de pesquisa YouGov, revelou que 72% dos eleitores consideravam que Biden não possuía saúde cognitiva adequada para disputar a Casa Branca e deveria desistir da campanha.

Desde o debate, várias personalidades políticas foram cotadas para assumir como candidato democrata, entre eles a ex-primeira dama Michelle Obama, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, entre outros. No entanto, o nome que mais ganhou força foi o da vice-presidente Kamala Harris. Além de estar preparada para defender o governo democrata, já que era parte dele, ela estava na campanha desde o início.

Na imprensa, os principais veículos americanos, como The New York Times, The Wall Street Journal, Financial Times, The Economist e a revista Time, fizeram editoriais contrários à permanência de Biden.

SAÚDE EM CHEQUE

Outra notícia que repercutiu e ajudou a deteriorar a imagem de Biden foi uma revelação publicada pelo The New York Times. O jornal teve acesso ao registro oficial de visitantes da residência presidencial e divulgou que um médico especialista em Mal de Parkinson visitou a Casa Branca oito vezes. Em uma das visitas, o neurologista Kevin Cannard se reuniu com o médico pessoal de Biden, Kevin O'Connor.

A Casa Branca negou que o político tenha Parkinson. Em comunicado, o médico do presidente justificou que ele faz exames anuais que incluem especialistas em diversas áreas, como odontologia, cardiologia, dermatologia e medicina do sono. Kevin disse ainda que os exames demonstraram que Biden não tem nenhuma fraqueza motora ou tremores. Por outro lado, o presidente teve sintomas de neuropatia periférica em ambos os pés, o que pode causar dormência ou formigamentos.

Da Redação com bandnewstv